segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Deus usa quem está disponível!



Tenho observado que alguns "servos" já não servem a Deus em seus respectivos ministerios como antes faziam. Isso é lamentável, ver irmãos e irmãs que eram tão dedicados ao trabalho na casa de Deus, hoje estão faltosos com seus compromissos ministeriais.


Os intérpretes precisam tomar muito cuidado com esta questão. Percebo hoje que alguns intérpretes de LIBRAS tem muito mais entusiasmo para trabalhar no meio secular do que trabalhar na casa de Deus. Está faltando alegria no serviço na casa de Deus! Já vivemos em uma época onde tinhamos muitos intérpretes dentro das igrejas. Sobrava nome na hora de compor a escala dos cultos. Hoje as coisas mudaram, em algumas realidadades precisamos cancelar programações porque estão faltando intérpretes. Engraçado, porque não que diminuiram os intérpretes dentro das igrejas, o fato é que alguns se tornaram profissionais e já não se dispõem de "tempo" para se dedicar ao ministerio e ainda, outros se encontram lamentavelmente DESANIMADOS e já não querem mais trabalhar servindo neste ministerio.




Mas, Deus usa quem está disponível! Ele mesmo capacita os seus escolhidos! Quero dar alguns conselhos pra você que está disponível para este ministerio de traduzir e intérpretar em sua igreja:




1. Mantenha suas mãos limpas (Levítico 19.2)


Alguns intérpretes estão caindo na mentira de Satanás de que vão ficar ricos se aceitarem todo o trabalho que aparecer para trabalharem como intérpretes. Cuidado com esta mentira! Se você é um chamado de Deus para ser um ministro do evangelho na vida dos surdos, você não pode se envolver com questões desta vida. Deus é Santo! Depois que a profissão foi regulamentada algumas portas estão se abrindo no mercado de trabalho, mas seja cauteloso, peça orientação a Deus sobre esta quastão, pois, muitos ministros estão sendo devorados pela ganância e muitos deles estão abandonando o ministerio porque ficam cansados ou não mais encontram tempo para se dedicarem ao ministerio. Não misture as coisas, Deus é Santo! Você tem um compromisso com Aquele que te chamou!




2. Se sujeite a liderança no seu ministerio (Mateus 12.34)


Deus é quem levanta um líder! Muitos ministerios estão sendo minados por rebeldia por parte dos liderados. Não importa se o seu líder sabe menos LIBRAS do que você, foi Deus quem colocou tal liderança sobre a sua vida, e ir contra isso, é ir contra o próprio Deus. Tome muito cuidado! Não faça "motinho" entre os outros intérpretes ou surdos. Não fale mal de seu líder num tom de fofoca. Faça suas críticas diretamente ao seu líder ou aproveite as reuniões de avaliação do seu ministerio para colacar seu ponto de vista. Não cultive um coração rebelde, isso é contrario ao coração do servo. "A rebeldia do homem se manisfesta mais obviamente através de palavras, pensamentos e raciocínio". (Watchman Nee)




3. Esteja disponível em seu ministerio (Isaías 6.8)


Não importa o seu grau de conhecimento na LIBRAS, o que importa é o quanto você está disponível para servir. Temos nos deparado com situações onde temos um grupo que domina bem a LIBRAS mas, por outro lado estão cheios de si mesmos, quase que é preciso implorar para que tal sujeito interprete tal programação. Por outro lado, temos pessoas com um coração cheio de vontade de servir, porém inseguras por não dominarem tão bem a Lingua de Sinais. Penso o seguinte:




a) Você que sabe e não faz porque está cheio de si mesmo, Deus vai pesar a mão sobre você e não precisa ficar preocupado com os surdos não porque quem cuida deles é o próprio Deus e a propósito, Deus nunca precisou de você. Os surdos eleitos serão atraídos pelo Espirito e ninguém que é de Cristo se perderá. Eu creio pela palavra (João 6.39). A alegria é nossa em poder ser apenas um instrumento nas mãos de Deus.




b) E você que não domina muito ainda a Lingua de Sinais, não fique inseguro, busca servir dando o seu melhor no momento. Deus conhece suas limitações! Ajude seu ministerio naquilo que você pode oferecer, não deixe de fazer seu trabalho por se comparar com A, B ou C. De forma alguma faça isso! Creia que Deus por meio do seu Santo Espirito capacitará você e colocará sinais em suas mãos, fazendo você lembrar daquilo que tem estudado. Se permita ser usado por Deus neste ministerio, se entregue por completo a Deus, apenas esteje disponível.




O ministerio com surdos nas igrejas precisam avançar! Deus tem muito surdo pra salvar e creio que ele quer contar com mais gente, mais servos disponíveis. Ele pode contar com você? Você está disponível?




Que Deus nos abençoe ricamente!


quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Processo de Aquisição da Linguagem pelos sujeitos surdos


Um professor dos Estados Unidos chamado Noam Chomsky, expôs suas idéias acerca do conhecimento linguístico inato, o que chamamos de Teoria Inatista, ainda hoje muitos pesquisadores do mundo todo desenvolvem pesquisas linguísticas inspiradas nessa proposta inatista. Mas, a linguagem humana a que Chomsky se refere não é um objeto concreto no mundo, mas algo que existe em nosso cérebro. Outra Teoria denominada de Teoria de Princípios e Parâmetros (TPP), proposta por Chomsky e Lasnik, proprõe que existe uma estado inicial, chamdo de So, que é comum a todas as crianças. Este estado inicial é a Gramática Universal (GU). Segundo esses autores, de forma resumida, toda criança, aí podemos dizer, seja ela surda ou ouvinte, possui uma capacidade para adquirir uma linguagem, seja linguagem falada ou sinalizada, pois o cérebro já possui uma GU.


Partindo dessas idéias de Chomsky, quero esboçar os estagios da aquisição da linguagem fazendo um paralelo entre a criança surda e a criança ouvinte:


Quadros, em seu livro sobre: Teoria de Aquisição da Linguagem subdividiu tais estágios em dois períodos: Período pré-linguistico e período linguístico. Esboçarei o período pré linguístico.


1. Período pré linguistico:

Nos primeiros anos de vida, o bebê produz sons que não apresentam nenhum significado. No entanto, desde os três dias de nascimento o bebê já diferencia sons. Esses sons, que os linguistas denominam de "balbucio", apresentam uma organização progressiva. Inicia-se com vogais anteriores e consoantes guturais e, somente por volta dos seis meses, o padrão silábico do balbucio passa a ter uma organização CV, ou seja, consoante -vogal, e a criança passa a usar sílabas duplicadas e articular consoantes anteriores "p,m,b ( por exemplo: bububu, papapa, dadada). Independentemente do ambiente e das linguas com que os bebês estejam em contato, todas as crianças produzem o balbucio, ou seja, ele é um comportamento interno e não uma resposta aos estimulos externos. Por volta dos dez meses, o balbucio apresenta um padrão diferenciado, uma vez que os bebês passam a selecionar os sons usados em seu ambiente linguisticos. Quando finalmente utilizam os sons da língua a que estão expostos, entram na fase de produção de jargões, ou seja, produzem sons combinados, sem estrutura de palavra, mas que possuem o contorno melódico da língua materna, passando a produzirem enunciados como se conversassem com alguém.


E em bebês surdos?


Petitto e Marentette (1991) realizaram um estudo sobre o balbucio em bebês surdos e bebês ouvintes, no mesmo período de desenvolvimento (desde o nascimento até por volta dos 14 meses de idade), verificaram que o balbucio é um fenômeno que ocorre em todos os bebês, sejam eles ouvintes ou surdos, como fruto da capaciadade inata para a linguagem. Quadros constata que tal capaciade inata é manisfesta não só através de sons, mas também por meio de gestos.


Nos bebês surdos foram detectadas duas formas de balbucio manual: o silábico e a gesticulação. O balbucio silábico apresenta combinações que fazem parte do sistema fonético das línguas de sinais, ao passo que a gesticulação não apresenta organização interna. Os dados apresentam um desenvolvimento paralelo do balbucio oral e do balbucio manual. Petitto e Marentettem afirmam que os bebês surdos e ouvintes apresentam os dois tipos até um determinado estágio e , a partir de então, desenvolvem o balbucio da sua modalidade de lingua. Segundo elas, é por isso que os estudos afirmam que as crianças surdas balbuciamvam (oralmente) até um determinado período. As vocalizações são interrompidas nos bebês surdos assim como as produções manuais são interrompidas nos bebês ouvintes, pois o input, ou seja, as influências linguisticas externas, favorece o desenvolvimento de um dos modos de balbuciar.



Tais conhecimentos se tornam relevantes para nós interpretes de ministério com surdos pois, fazer parte de um ministério não é apenas interpretar cultos, mas também, devemos buscar conhecimentos na área da surdez que com certeza nos auxiliará em nossa interpretação. Acredito que o intérprete não deve apenas aprender sinais isolados, é preciso ter um conhecimento do todo, quero dizer, aprender de tudo o que pudermos nesta área. Deus quer mais de você amigo intérprete! Que o Senhor Jesus nos abençoe nos dando mais conhecimento!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Veio da França.......



Foi da França que saiu o professor surdo Eduard Huet, que veio para o Brasil, especificamente para o Rio de Janeiro, em 1855 com o objetivo de fundar a primeira escola de surdos no Brasil. Huet trouxe uma carta de recomendação de seu projeto elaborada pelo ministro de instrução pública da França, e essa carta, depois de passar nas mãos do ministro da França no Brasil Saint Georg, foi encaminhada ao Marquês de Abrantes que a levou às mãos de Dom Pedro II. “O imperador do Brasil demonstrou total apoio para que o projeto se consolidasse”.


O Instituto de Surdos tem como data oficial de fundação o dia 26 de setembro de 1857, no estado
do Rio de Janeiro. Seu primeiro nome foi Colégio Nacional para Surdos- Mudos (1856-1857), depois chamado sucessivamente de: Instituto Imperial para Surdos- Mudos (1857-1858), Instituto para Surdos-Mudos (1858-1874), Instituto dos Surdos- Mudos (1877-1890), Instituto Nacional de Surdos Mudos (INSM/1890-1957), e finalmente recebeu o nome que continua até os
dias atuais que é o Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES/1957-2009).


Essa instituição que sempre esteve ligada ao império brasileiro não perdeu o vinculo quando o Brasil sofreu a transição de império para república, mantendo-se ligada ao governo federal até os
dias de hoje. Huet ficou na direção deste instituto até o final do ano de 1861, onde foi o primeiro e
único surdo a assumir esse posto. Visto que Huet era oriundo da escola francesa que adotava o método combinado, aplicou essa mesma metodologia aos surdos brasileiros. Solange Rocha nos mostra algumas questões que dificultaram, pelo menos nos primeiros anos, o desenvolvimento do instituto. Diz ela: “A novidade de um estabelecimento escolar para educandos surdos, numa organização social que sequer os reconhecia como cidadãos e com o agravante do responsável ser também uma pessoa surda, dificultou o aparecimento de alunos candidatos” .


A sociedade brasileira não via os surdos como cidadãos, e a fundação de uma instituição que atendesse a esse grupo de pessoas parecia que não fazia muito sentido para a população daquela época. O mais agravante é que o próprio diretor da escola era surdo, o que dificultou o desenvolvimento do trabalho, não por falta de capacidade de Huert, mas por falta de crédito por parte das pessoas. Mas apesar das grandes dificuldades que se enfrentaram no início do instituto, ele se manteve de pé e desenvolvendo com o passar dos tempos, e tudo graças à força de vontade que levou Huert e esposa a deixarem a França e darem uma oportunidade aos surdos brasileiros através do instituto dos surdos por eles implantado.


Não se tem relatos sobre a história dos surdos antes da fundação do INES e por esse motivo pode-se dizer que a implantação dessa instituição é um marco da história dos surdos brasileiros. Não se pode falar de história dos surdos brasileiros sem se falar sobre essa centenária instituição, que completou 150 anos em 2007.

Desde que Huet deixou a direção do instituto, muitos assumiram esse cargo, cerca de 28 diretores até 2009, e em cada gestão se utilizavam metodologias diferentes. Diversas são as crises que essa instituição já teve que enfrentar, visto que a maioria dos seus diretores não eram profissionais habilitados na área da educação de surdos. Várias foram as metodologias aplicadas, e quem mais sofria eram os surdos, e esse sofrimento era causado pela falta de preparo por parte dos líderes daquela instituição quanto a questão da surdez. É necessário que se deixe claro que a corrente metodológica que mais influenciou a prática pedagógica no INES foi a oralista, e isso prejudicou muito os surdos brasileiros de uma forma geral. É necessário que se entenda que a língua de sinais sempre esteve presente no instituto de surdos, pois essa sempre foi a forma dos surdos se comunicarem, mesmo que os diretores daquela instituição não aceitassem isso e tentassem reprimi-los quanto à utilização dessa língua. Eles a conheciam e compartilhavam entre si, porém, antes da década de 80, essa língua era utilizada apenas nos bastidores, pois ainda não fazia parte do projeto pedagógico da instituição. Apesar de no ano de 1901 ter culminado uma grande repressão quanto à utilização da língua de sinais, época em que a concepção oralista ganha força na instituição por influência do congresso de Milão de 1880 quando se decidiu que todas as escolas de surdos deveriam utilizar o método oral.


Os surdos continuaram se comunicando, meio que clandestinamente, através da língua de sinais. Sendo o INES uma instituição que atendia as pessoas surdas de todo o Brasil, os surdos que estudaram ali aprendiam uma língua de sinais, e quando voltavam para suas cidades, ensinavam os outros surdos. Por esse motivo que a língua de sinais e sua gênese, em certo sentido, esta muito atrelada á história do INES.


Dentre os diretores que o INES já teve, é importante destacar uma mulher que modificou toda a história deste instituto: foi a professora e fonoaudióloga Lenita de Oliveira Vianna. Ela Assumiu a
direção do instituto no ano de 1985, onde foi recebida com grande alegria pelos professores e funcionários, pois era a primeira diretora especializada na área de surdez. Várias foram as conquistas que Lenita alcançou na sua gestão, e uma das principais foi a criação da PAE (Pesquisa Alternativas Educacionais Aplicadas à Educação dos Deficientes da Audição). Foi a partir dessas pesquisas que a língua de sinais passou a fazer parte do projeto pedagógico do instituto.


Desde a aceitação da língua de sinais na metodologia pedagógica do INES, um novo caminho começou a ser trilhado na história dos surdos brasileiros, e principalmente dos surdos do estado do Rio de Janeiro, local onde se encontra a instituição. Passou-se a respeitar o individuo surdo a partir da sua cultura e modo de apreender o mundo, ou seja, através da visão.


Atualmente o Brasil está vivendo um estado de transição quanto ao reconhecimento das culturas e comunidades surdas. Muitas têm sido as vitórias que os surdos têm alcançado nestes últimos anos, porém, ainda existe muita coisa a ser feita e conquistada. Os ouvintes de uma forma geral precisam se libertar de todo preconceito que por vários séculos oprimiu e marginalizou os surdos, fazendo com que eles possam ser incluídos integralmente na sociedade. O mesmo vale para os surdos, que às vezes se fecham tanto que fica impossível existir essa inclusão, ou melhor, esse viver junto com os diferentes. As mudanças que as culturas e comunidades surdas têm sofrido nos últimos anos são resultados das ações realizadas pelas associações e federações dos surdos, que têm lutado pelos direitos desse grupo, como é o caso da Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos (FENEIS) . Fundada em 1987, essa federação tem sido a responsável por várias conquistas dos direitos dos surdos, como por exemplo, o reconhecimento da LIBRAS como língua oficial dos surdos brasileiros. E essa foi sem dúvida a maior conquista na historia dos surdos. "Língua Oficial da Pessoa Surda, com a publicação da Lei nº 10.436, de 24-4-2002 e a Lei nº 10.098, de 19-12-2002". A conquista deste direito traz impactos significativos na vida social e política da Nação brasileira.


Sabendo-se que quase todos os relatos sobre a história dos surdos foram escritos pelos ouvintes, muita coisa pode ter ficado em oculto, ou seja, é possível que os surdos tenham tido uma história muito mais dolorosa do que os livros contam. Owen Wrigley diz que “esta história dos surdos é uma decepção, simplesmente reinvocando e reescrevendo a dominação e a exclusão que têm mais frequentemente sido conhecidas como A crítica que Wrigley está fazendo a história dos surdos é muito pertinente, pois diz respeito ao cerne de todo o problema, isto é, a visão preconceituosa que os ouvintes, autores da história dos surdos, tinham e continuam tendo sobre os surdos. Apenas reescrever essa história não tem nenhuma relevância segundo Wrigley, pois nada é transformado. O que se deve fazer é pensar na história sofrida dos surdos e buscar escrever uma nova história junto com os surdos, um processo em que os próprios possam interferir. O que já sucedeu não pode ser transformado, mas as coisas que estão para acontecer podem ser modificadas, isto é, não se pode transformar o passado, mas se pode construir um presente melhor e acredito que o desenvolvimento da história dos surdos está nos levando à isso.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Deus tem sido muito bom com a gente...


Queridos no último fim de semana estivemos envolvidos em uma grande celebração de gratidão a Deus pelos 17 anos da nossa amada IBACEN. Que culto maravilhoso! E quantas surpresas que alegraram nossos corações. Ao olharmos para trás e vermos que desses 17 anos de IBACEN, nós do ministério com Surdos já estamos há 7 anos servindo a Deus neste ministério que nasceu no coração de Deus e no coração da IBACEN ficamos muito alegres em Deus. Então nossas palavras são de gratidão primeiramente a Deus e também a você IBACEN por apoiar e sonhar com a gente. Obrigada IBACEN pelo investimento, pelo tempo dedicado, pela paciência, pela cobertura espiritual e principalmente pelo pastoreio. Não temos o que reclamar, Deus nos deu uma igreja calorosa que tem sonhado conosco. Sonhado com uma igreja bilíngue e inclusiva; Deus nos deu um Pastor que sonha conosco mesmo que alguns de nossos sonhos pareçam distantes; Deus nos deu pessoas que são servas de Cristo, é verdade que muitas já vieram e se foram deixando saudades, porém, Deus sempre esteve sustentando este ministério mesmo nos maiores desertos. Os sonhos de Deus não podem morrer como já disse o cantor.

Temos um grande desafio como ministério com surdos implantado em Angra dos Reis, a frieza espiritual na comunidade surda ainda é muito grande, urge um clamor para que o fogo do Espírito desperte os adormecidos do Senhor, o que conforta nossos corações é saber que "Deus tem muitos surdos nesta cidade!" Por isso IBACEN, fica nossa gratidão a você, que apoia, investe e chora com a gente. Em nosso culto louvamos a Deus junto com o ministério de Dança com uma música do cantor Fernandinho que é uma profecia para você IBACEN amada: "Grandes coisas estão por vir...Grandes coisas vão acontecer neste lugar..." O profeta Isaías completa nossas palavras:


"Não vos lembreis das causas passadas nem considerais as antigas, eis que faço uma coisa nova, não a percebeis? Eis que porei um caminho no deserto, e rios no ermo" Isaías 43.18-19


Não temos dúvidas alguma: Deus tem sido muito bom com a gente!!!! Parabéns IBACEN e obrigado por você existir em nossas vidas.


quarta-feira, 30 de setembro de 2009

História dos surdos através dos tempos (parte 3)


OS SURDOS ATÉ O SECULO XX
O ano de 1880 foi o clímax da história dos surdos, que adicionou a força de um lado de muitos períodos de duelos polêmicos de opostos educacionais: a língua de sinais e o oralismo. Em 1880 foi realizado um Congresso Internacional de Professores de Surdos em Milão, Itália, para discutir e avaliar a importância de três métodos rivais: língua de sinais, oralista e mista (língua de sinais e o oral). Os temas propostos foram: vantagens e desvantagens do internato, tempo de instrução, número de alunos por classe, trabalhos mais apropriados aos surdos, enfermidades, medidas, medidas curativas e preventivas, etc. Apesar da variedade de temas, as discussões voltaram-se às questões do oralismo e da língua de sinais.
Nenhum outro evento na historia dos surdos teve um impacto maior na educação de povos surdos como este que provocou uma turbulência séria na educação que arrasou por mais de cem anos nos quais os sujeitos surdos ficaram subjugados ás práticas ouvintistas, tendo que abandonar sua cultura, a sua identidade surda e se submeteram a uma ‘etnocêntrica ouvintista’, tendo de imitá-los.
O Congresso de Milão, em 1880, foi um momento obscuro na História dos surdos, lá um grupo de
ouvintes, tomou a decisão de excluir a língua gestual do ensino de surdos, substituindo-a pelo oralismo, o comité do congresso era unicamente constituído por ouvintes. Em consequência disso, o oralismo foi a técnica preferida na educação dos surdos durante fins do século XIX e grande parte do século XX.
O Congresso durou 3 dias, nos quais foram votadas 8 resoluções, sendo que apenas uma (a terceira) foi aprovada por unanimidade. As resoluções são:
1. O uso da língua falada, no ensino e educação dos surdos, deve preferir-se à língua gestual;
2. O uso da língua gestual em simultâneo com a língua oral, no ensino de surdos, afecta a fala, a leitura labial e a clareza dos conceitos, pelo que a língua articulada pura deve ser preferida;
3. Os governos devem tomar medidas para que todos os surdos recebam educação;
4. O método mais apropriado para os surdos se apropriarem da fala é o método intuitivo (primeiro a fala depois a escrita); a gramática deve ser ensinada através de exemplos práticos, com a maior clareza possível; devem ser facultados aos surdos livros com
palavras e formas de linguagem conhecidas pelo surdo;
5. Os educadores de surdos, do método oralista, devem aplicar-se na elaboração de obras específicas desta matéria;
6. Os surdos, depois de terminado o seu ensino oralista, não esqueceram o conhecimento adquirido, devendo, por isso, usar a língua oral na conversação com pessoas falantes, já que a fala se desenvolve com a prática;
7. A idade mais favorável para admitir uma criança surda na escola é entre os 8-10 anos, sendo que a criança deve permanecer na escola um mínimo de 7-8 anos; nenhum educador de surdos deve ter mais de 10 alunos em simultâneo;
8. Com o objectivo de se implementar, com urgência, o método oralista, deviam ser reunidas as crianças surdas recém admitidas nas escolas, onde deveriam ser instruídas através da fala; essas mesmas crianças deveriam estar separadas das crianças mais avançadas, que já haviam recebido educação gestual, afim de que não fossem contaminadas; os alunos antigos também deveriam ser ensinados segundo este novo sistema oral.
Uma década depois do Congresso de Milão, acreditava-se que o ensino da língua gestual quase tinha desaparecido das escolas em toda a Europa, e o oralismo espalhava-se para outros continentes.
Durante o século XX, em resultado da evolução nos campos da tecnologia e da ciência, particularmente no campo da surdez, a educação dos surdos passou a ser dominada pelo oralismo
(que encara a surdez como algo que pode ser corrigido). No entanto, sem a cura da surdez os insucessos do oralismo começaram a ser evidenciados, pois os surdos educados no método não os
ajudava a conseguir um emprego, comunicar com ouvintes desconhecidos ou manter uma conversa bem sucedida.
Entretanto, surge o primeiro aparelho auditivo, em 1898. Na Antiguidade, os aparelhos usados eram cornetas, ou tubos acústicos, mas a ampliação electrónica começou com Bell, em 1876, quando inventou o telefone com a intenção de amplificar o som para a sua esposa e mãe, ambas surdas.
Essa ideia que é concretizada em 1900, em Viena, por Ferdinand Alt. Só em 1948 surgem aparelhos com pilhas incorporadas e em 1953 começou a ser usado o transístor em próteses. Em 1970 aparecem as primeiras tentativas de implantação coclear. Esse tipo de implante sempre gerou muita controvérsia nas comunidades surdas em todo o mundo. Os argumentos a favor do implante resumem-se ao acesso à língua oral, na idade crítica de aquisição, que a cirurgia é simples e segura e com a possibilidade de proporcionar à criança de ter uma vida social com som, e não com deficiência. No entanto, a comunidade surda, como um todo, é contra a implantação coclear em crianças surdas, antes da aquisição da linguagem. Pensa a comunidade que obrigar a criança surda a ser ouvinte, mesmo não sendo, influencia outros a negligenciar necessidades e meios de apoio à deficiência. Muitos médicos recomendam que o implante coclear seja acompanhado com a língua gestual, especialmente nos primeiros anos da criança, afim de assegurar o pleno desenvolvimento cognitivo da criança. Segundo fontes médicas, os riscos do implante coclear incluem: infecção, vertigem, estimulação retardada, forte exposição a campos magnéticos, necessidade de acompanhamento médico por toda a vida.
Em 1920, antes da chegada dos nazista ao poder, surgiu nos EUA e na Alemanha um movimento da comunidade médica, com apoio das sociedades em questão, em prol da esterilização de doentes mentais e psicopatas criminosos (na Alemanha este movimento ficou conhecido como higiene racial). Em 1933, com a chegada dos nazistas ao poder, este movimento teve suporte político. Nesse mesmo ano, na Alemanha, foi aprovada uma lei para esterilizar as pessoas portadoras de doenças genéticas transmissíveis, incluindo a surdez. Na época, Berlim continha cerca de vinte e cinco comunidades de Surdos.
Em Junho de 1933, o jornal alemão mencionou o primeiro Surdo a pertencer às S.A. e uma unidade militar composta dos Surdos; um ano mais tarde, esta unidade foi dissolvida, sob pretexto de que o grupo não reunia o perfil da imagem do nazismo ideal. Dados comprovam que, em 1937, 95% das crianças surdas pertenciam à juventude hitleriana, tendo a letra G (em alemão, inicial de gehoerlosan) marcada no ombro do casaco. Posteriormente, assim que começou a guerra, a Alemanha passou da esterilização para a eutanásia, tanto por razões económicas, como por razões ideológicas. Em 1941, era comum o uso de eutanásia nos hospitais, onde eram mortos bebés com deficiência, incluindo surdos. Posteriormente, tornou-se comum a prática do aborto, que era aplicada quando se suspeitava que os fetos poderiam ter deficiências congênitas, ou qualquer tipo de doença, como no caso da surdez. Poucos surdos escaparam, sobrevivendo em guetos e nos campos de concentração na Alemanha, Polónia e Hungria.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

CONVITE ESPECIAL


Querido (a), no dia 26/09 é o dia nacional do Surdo. Nós do ministério com surdos IBACEN convidamos você a nos unir em oração. Estaremos reunidos como igreja em uma tarde de oração pela vida dos surdos do Brasil. Seja onde você estiver, não deixe de clamar pela salvação dos surdos brasileiros. Você que mora perto da IBACEN desafio você a estar conosco no dia 26/09 ás 15h para levantarmos um clamor a Deus para que ele manifeste sua glória entre os Surdos do Brasil.

Seja onde você estiver, vamos romper as barreiras geograficas e estarmos juntos em oração por esta causa!


" Busquei entre eles um homem que levantasse o muro, e se pusesse na brecha perante mim por esta terra, para que eu não a destruísse, mas a ninguém achei"

Ezequiel. 22.30

HISTÓRIA DOS SURDOS ATRAVÉS DOS TEMPOS (parte 2)



OS SURDOS NA IDADE MODERNA


“Foi na Idade Moderna que se distinguiu, pela primeira vez, surdez de mudez. A expressão
surdo-mudo, deixou de ser a designação do Surdo”


Na época moderna, ou Idade Moderna, quando o Renascimento busca resgatar os princípios que a Idade Média destruiu, a visão humanista que esse período apresenta viabiliza a libertação, em certo sentido, da pessoa surda. Antes eles eram vistos como seres castigados pelos deuses, e agora são pessoas que têm o direito a uma cidadania através da educação e socialização. Eram condenados à fogueira, agora são socializados. Não resta dúvida de que aconteceu uma mudança considerável nessa visão moderna, mas não se pode esquecer que o surdo ainda continua a sofrer por causa da sua cultura, que não foi aceita de maneira integral pelos teóricos desse período.


Antes o surdo não era considerado uma pessoa, agora existe a possibilidade de ele se tornar uma, desde o momento em que se transforme em um “ouvinte”, seja através da sua língua de sinais ou não. Vejamos alguns alguns teóricos desta época, seus pensamentos e práticas sobre as culturas surdas. Antes desse período, não há relato de ninguém que tenha se interessado pela causa dos surdos e isso certamente está ligado à visão renascentista predominante. Algo interessante que precisa ser frisado é que a história dos surdos, a partir deste período, sempre esteve vinculada à educção. A maioria dos livros que fala sobre os surdos e sua história segue a linha da pedagogia, ou seja, da ação educacional realizada com essas pessoas.


Um breve histórico dos principais teóricos:


a) PEDRO PONCE DE LEÓN
Pedro Ponce de León inicia, mundialmente, a história dos Surdos, tal como a conhecemos hoje em
dia. Para além de fundar uma escola para Surdos, em Madrid, ele dedicou grande parte da sua vida a ensinar os filhos Surdos, de pessoas nobres, nobres esses que de bom grado lhe encarregavam os filhos, para que pudessem ter privilégios perante a lei (assim, a preocupação geral em educar os Surdos, na época, era tão somente econômica). León desenvolveu um alfabeto manual, que ajudava os Surdos a soletrar as palavras (há quem defenda a ideia de que esse alfabeto manual foi baseado nos gestos criados por monges, que comunicavam entre si desta maneira pelo facto de terem feito voto de silêncio). Nesta época era costume que as crianças que recebiam este tipo de educação e tratamento fossem filhas de pessoas que tinham uma situação económica boa. As demais eram colocadas em asilos com pessoas das mais diversas origens e problemas, pois não se acreditava que pudessem se desenvolver em função da sua "anormalidade".


b ) JUAN PABLO BONET , aproveitando o trabalho iniciado por León, foi estudioso dos Surdos e
seu educador. Escreveu sobre as maneiras de ensinar os Surdos a ler e a falar, por meio do alfabeto manual. Bonet proibia o uso da língua gestual, optando o método oral.


c ) JOHN BULWER , médico inglês, acreditava que a língua gestual deveria possuir um lugar de
destaque, na educação para os Surdos; foi o primeiro a desenvolver um método para comunicar com os Surdos. Publicou vários livros, que realçam o uso de gestos.


d ) JOHN WALLIS (1616-1703), educador de Surdos e estudioso da surdez, depois de tentara
ensinar vários Surdos a falar, desistiu desse método de ensino, dedicando-se mais ao ensino da
escrita. Usava gestos, no seu ensino.


e ) KONRAH AMMAN , foi defensor da leitura labial, já que considerava que a fala era uma dádiva de Deus que fazia com que a pessoa fosse humana (não considerava os Surdos que não falavam como humanos). Amman não fazia uso da língua gestual, pois acreditava que os gestos atrofiavam a mente, embora os usasse como método de ensino, para atingir a oralidade.


f) CHARLES MICHEL DE L`ÉPÉE nascido em 1712, ensinava, numa primeira fase, os Surdos, por motivos religiosos. Muitos o consideram criador da língua gestual. Embora saibamos que a mesma já existia antes dele, L'Épée reconheceu que essa língua realmente existia e que se desenvolvia (embora a não considerasse uma língua com gramática). Os seus principais contributos foram:
• criação do Instituto Nacional de Surdos-Mudos, em Paris (primeira escola de Surdos do mundo);
• reconhecimento do Surdo como ser humano, por reconhecer a sua língua;
• adopção do método de educação colectiva;
• reconhecimento de que ensinar o Surdo a falar seria perda de tempo, antes que se devia ensinar-lhe a língua gestual.


g ) JACOB RODRIGUES PEREIRA , educador de Surdos que usava gestos mas sempre defendeu
a oralização dos Surdos. Nunca publicou nenhum dos seus estudos.


h) THOMAS BRAIDWOOD, fundou uma escola de Surdos, em Edimburgo (a primeira escola de
correcção da fala da Europa).

i) SAMUEL HEINICKE, ensinou vários Surdos a falar, criando e definindo o método hoje
conhecido como Oralismo.

j ) R OCH-AMBROISE CUCURRON SICARD foi um abade francês, famoso pelo seu trabalho
como educador de Surdos; Sicard fundou a escola de Surdos de Bordéus, em 1782, posteriormente sucedeu a L'Épée, como director do instituto criado pelo mesmo, também apoiou a criação de vários institutos de surdos em todo o país.

k ) PIERRE DESLOGES , francês, tornou-se surdo aos 7 anos, devido à varíola, foi defensor da
língua gestual, tendo sido autor do primeiro livro publicado por um surdo, onde revelava a sua
indignação contra as ideias do Abade Deschamps, que havia publicado um livro que criticava a
língua gestual. Desloges, a esse respeito, declarou o seguinte: ”Tal como o francês vê a sua língua
desvirtuada por um alemão que apenas conhece algumas palavras da língua francesa, penso que
devo defender a minha língua contra as acusações falsas deste autor”. Desloges, em seu livro, defende a ideia de que a língua gestual (Antiga Língua Gestual Francesa) já existia, mesmo antes do aparecimento das primeiras escolas de surdos, como criação dos surdos e sua língua natural.

l) JEAN ITARD, primeiro médico a interessar-se pelo estudo da surdez e das deficiências auditivas, usava os seguintes métodos nas suas pesquisas: cargas eléctricas, sangramentos, perfuração de tímpanos, entre outras.

m) JEAN MASSIEU foi um dos primeiros professores surdos do mundo.


n) LAURENT CLERC, surdo francês, educador, acompanhou Thomas Hopkins Gallaudet,
educador ouvinte, aos EUA, onde abriram uma escola para surdos, em Abril de 1817, a Escola de
Hartford. Gallaudet instituiu nessa escola a Língua Gestual Americana, passou ainda a seu usado o inglês escrito e o alfabeto manual. Em 1830, quando Gallaudet se reformou, já existiam nos Estados Unidos cerca de 30 escolas para surdos.

o) EDWARD MINER GALLAUDEt, filho de Thomas Gallaudet e também educador de surdos,
lutou pela elevação do estatuto do Instituto de Colúmbia a colégio. Esse colégio deu origem, em
1857, à Universidade Gallaudet, onde foi presidente por 40 anos.

p) HELLEN KELLER, na Alemanha. Hellen ficou cega e surda aos 19 meses de idade, por causa
de uma doença. Aos 7 anos Hellen havia criado cerca de 60 gestos para se comunicar com os
familiares. Anne Sulivan, a professora de Hellen, isolou-a do resto da família, conseguindo assim
disciplinar e ensinar Hellen. Sullivan ensina a Hellen usando o método de Tadona, que consiste em tocar os lábios e a garganta da pessoa que fala, sendo isso combinado com dactilologia na palma da mão. Hellen aprendeu a ler inglês, francês, alemão, grego e latim, através do braile. Aos 24 anos formou-se, em Radcliffe.

Nesse ínterim do desenvolvimento histórico, Alexander Graham Bell, cientista estadunidense,
trabalhava na oralização dos surdos. Casou com uma surda, Mabel. Bell era grande defensor do
oralismo e opunha-se à língua gestual e às comunidades de surdos, uma vez que as considerava
como um perigo contra a sociedade. Assim sendo, Bell defendia que os surdos não deveriam poder casar entre si e deveriam obrigatoriamente frequentar escolas normais, regulares. No entanto, em 1887 Bell, no Congresso de Milão, admitiu que os surdos deveriam ser oralizados durante um ano, mas se isso não resultasse, então poderiam ser expostos à língua gestual. Aqui então, a história dos surdos chegam ao seu climax. Esta luta entre o oralismo e a língua gestual continua até aos nossos dias.